Sibutramina: o antidepressivo para perda de peso?
O ano de 1997, foi marcado pela primeira clonagem da Ovelha Dolly, fim do império britânico e aprovação pelo FDA de um antidepressivo para o tratamento de obesidade: Sibutramina, tema de hoje.
É uma medicação que merece atenção e cuidado principalmente entre as mulheres, as maiores consumidoras dessa substância, de acordo com as pesquisas. Destaco uma análise das prescrições de sibutramina em drogarias¹ na cidade de São José do Rio Preto publicada em 2018 na Revista Eletrônica de Farmácia. O estudo evidenciou o maior consumo de sibutramina entre as mulheres (93% - n:224).
Características das 240 prescrições de sibutramina analisadas em serviço privado de distribuição de medicamentos. São José do Rio Preto, São Paulo Brasil, 2016.
Trata-se de um inibidor não seletivo da recaptação de serotonina noradrenalina/dopamina. É indicado como terapia adjuvante, como parte de um programa de gerenciamento de peso, recomendado para pacientes com um índice de massa corpórea (IMC) maior ou igual a 30 kg/m2 . Está disponível nas apresentações cápsula gelatinosa dura 10mg e 15mg.
Agora, vamos as dúvidas mais comuns:
- É um remédio tarja preta? Sim!
- Pode causar dependência? Sim, um efeito comum. (tolerância - doses cada vez maiores para atingir o mesmo efeito).
- Pode ser usado por grávidas e lactantes? Não pode!
- Quais os efeitos adversos? Aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, dor de cabeça, tontura, constipação intestinal.
- Qual o tempo estimado para início do efeito terapêutico? No mínimo 15 dias, podendo haver variações individuais.
- Como devo usar?
- Deve ser utilizado apenas sob orientação médica. A dose inicial recomendada é de 1 cápsula de 10 mg por dia, administrada via oral, ingeridas pela manhã, com um pouco de líquido, antes ou após a alimentação.
- Caso não ocorra perda de pelo menos 2 kg nas primeiras 4 semanas de tratamento, o médico deve reavaliar o tratamento, que pode incluir um aumento da dose para 15 mg ou a suspensão do tratamento com sibutramina.
- Por quanto tempo devo usar? No máximo por 2 anos.
- Qual a dose máxima? 15mg/dia
- O que você deve saber durante o uso:
- Pode aumentar a pressão arterial e/ou frequência cardíaca, por isso é recomendado a monitorização.
- Nos primeiros 3 meses de tratamento, estes parâmetros devem ser verificados a cada 2 semanas.
- Entre 4 e 6 meses estes parâmetros devem ser verificados uma vez por mês e em seguida, periodicamente, a intervalos máximos de 3 meses.
- O tratamento deve ser descontinuado em pacientes que tenham um aumento após duas medições consecutivas, da frequência cardíaca de repouso de ≥ 10 bpm ou pressão arterial sistólica / diastólica de ≥ 10 mmHg. Em pacientes hipertensos bem controlados, se a pressão arterial exceder a 145/90 mmHg em duas leituras consecutivas, o tratamento deve ser descontinuado.
- Quais as contraindicações?
- Histórico de diabetes mellitus tipo 2 com pelo menos 1 outro fator de risco (i.e., hipertensão controlada por medicação, dislipidemia, prática atual do Tabagismo, nefropatia diabética com evidência de microalbuminúria).
- História de doença arterial coronariana (angina, história de infarto do miocárdio), insuficiência cardíaca congestiva, taquicardia, doença arterial obstrutiva periférica, arritmia ou doença cerebrovascular (acidente vascular cerebral ou ataque isquêmico transitório).
- Hipertensão controlada inadequadamente, > 145/90 mmHg
- Idade acima dos 65 anos.
- Índice de massa corpórea (IMC) menor que 30 kg/m2.
Por fim, conheça as particularidades da Sibutramina:
- Pode levar a ideação suicida, psicose e ataques de pânico.
- Em caso de intoxicação ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações ou diretamente para o 192.
- O tratamento deve ser suspenso em pacientes que não apresentarem perda de pelo menos 2 kg após 4 semanas de tratamento com dose de 15 mg/dia.
- Causa dependência!
- É prescrito no receituário azul (B2).
Lembre-se de que a Sibutramina não é uma medicação isenta de riscos. É necessária uma consulta médica para avaliar a indicação. Restou alguma dúvida? Entre em contato conosco!
Referências bibliográficas:
- MASCHIO DE LIMA, T. A.; FRANCO, T. F.; PEREIRA, L. L. V.; GODOY, M. F. de. ANÁLISE DAS PRESCRIÇÕES DE SIBUTRAMINA EM DROGARIA. Revista Eletrônica de Farmácia, Goiânia, v. 15, n. e, 2018. DOI: 10.5216/ref.v15ie.47416. Disponível em: https://revistas.ufg.br/REF/article/view/47416. Acesso em: 18 abr. 2024.
- Câmara Pestana P, Ferreira C, Santos AL, Jerónimo J, Ganança L. Suicide Attempt in a Patient with Sibutramine Associated Psychosis. Acta Med Port. 2022 Mar 2;35(3):216-218. doi: 10.20344/amp.14304. Epub 2021 May 4. PMID: 33945464.
Autor do texto: